O Que é SRE?

Se você é dev e nunca ouviu falar de Site Reliability Engineering, ou já ouviu mas acha que é só mais um termo da moda, chegou a hora de entender o que está por trás dessa sigla que virou um pilar das grandes empresas de tecnologia.
Imagine isso: Você trabalha em uma fintech que lida com bilhões de reais por dia. Tudo parece bem… até que, de repente, a API de pagamentos cai. O time de Dev está dormindo, o de Ops está apagando incêndios às cegas, e o CEO está gritando no Slack. Quem entra em cena?
O SRE.
O que é SRE?
Site Reliability Engineering (SRE) é uma disciplina de engenharia de software aplicada à infraestrutura e operações.
Criado pelo Google nos anos 2000, o objetivo do SRE é aumentar a confiabilidade de sistemas complexos usando automação, métricas, engenharia de software e pensamento sistêmico.
SRE é a ponte entre desenvolvimento e operação. Mas não é “DevOps”. DevOps é a filosofia. SRE é a implementação prática.
Por que SRE é tão importante?
Porque sistemas grandes falham. E falham de maneiras que você nem imagina.
O SRE nasce da premissa de que falhas são inevitáveis, mas o caos não precisa ser.
Se o seu sistema é crítico, global, e está crescendo, você precisa tratar confiabilidade como uma feature.
“Hope is not a strategy.” – dita famosa no SRE handbook do Google.
Os Fundamentos de SRE
Vamos direto aos conceitos que você precisa dominar:
1. SLI (Service Level Indicator)
É uma métrica real que mede a performance de um serviço.
Exemplo: porcentagem de requisições HTTP 200 nos últimos 30 dias.
SLI = requests OK / total requests
2. SLO (Service Level Objective)
É o alvo que você quer atingir com o SLI.
Exemplo: 99.9% das requisições devem ser bem-sucedidas.
Isso define o que é “bom o suficiente”. E o que não for, vira dívida de confiabilidade.
3. SLA (Service Level Agreement)
É o que você promete para o cliente, com possíveis penalidades.
SLA = contrato, SLO = objetivo interno, SLI = métrica real.
4. Error Budget
Essa é a parte mais linda do SRE.
Se seu SLO é 99.9%, então 0.1% de falhas é aceitável. Esse 0.1% é seu orçamento de erro.
Você pode usá-lo para inovar, lançar features arriscadas, fazer deploys ousados.
Mas se o erro estoura o budget, os lançamentos são congelados.
Simples. Rígido. Justo.
As Práticas do SRE
Aqui começa a engenharia de verdade. O SRE vive em três mundos ao mesmo tempo:
🛠️ 1. Engenharia de Software
- Automatização de tarefas (scripts, bots, ferramentas)
- Desenvolvimento de pipelines de CI/CD
- Integração com observabilidade (Prometheus, Grafana, ELK)
- Resiliência por design (circuit breakers, retries, backoff)
🔥 2. Gerenciamento de Incidentes
- Detecção (alertas, logs, health checks)
- Resposta rápida (playbooks, escalonamento)
- Post-mortems sem culpados (blameless)
- Correções com foco na causa raiz
📊 3. Observabilidade
- Métricas: para saber “quanto”
- Logs: para saber “o que”
- Traces: para saber “onde”
- Dashboards: para ver “como está agora”
Exemplos Práticos de Atuação SRE
☁️ No Cloud
- Definir a arquitetura de alta disponibilidade
- Monitorar instâncias com auto-scaling e failover
- Otimizar custos via right-sizing e spot instances
🧪 Em Testes
- Testes de carga e estresse
- Chaos Engineering (Netflix: Chaos Monkey)
- Testes automatizados de rollback e deploys canary
🔐 Em Segurança
- Monitorar tráfego anômalo
- Automatizar regras de firewall
- Implementar rate limits e circuit breakers
Como ser um bom SRE?
Você precisa:
- Pensar como engenheiro e agir como bombeiro
- Automatizar tudo que for manual
- Ler logs como quem lê poesia
- Não entrar em pânico (mesmo com o CEO no telefone)
E claro:“Ser SRE é ser a última linha de defesa entre o caos e o sistema funcionando.”
Ferramentas Comuns
- Prometheus + Grafana – métricas e dashboards
- ELK (Elasticsearch, Logstash, Kibana) – logs estruturados
- PagerDuty, OpsGenie – gerenciamento de incidentes
- Terraform, Ansible, Helm – IaC (Infrastructure as Code)
- Kubernetes – orquestração moderna (com seus próprios dragões)
- Sentry, Datadog, New Relic – APMs e monitoramento profundo
Conclusão: SRE é o novo DevOps?
Não. É a evolução.
DevOps uniu Dev e Ops com uma filosofia de colaboração.
SRE entrega isso na prática com engenharia, métrica e automação.
Se você está cansado de apagar incêndio sem saber a causa…
Se sua aplicação quebra e ninguém entende por quê…
Se você quer escalar sem perder noites de sono… \
Você precisa de um SRE. Ou virar um.
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20/04/2025 - Dionisio